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sábado, 11 de junho de 2011

É.

Era tão estranho, alguém devia ter me acordado. Eu poderia sentir liberdade dentro de mim, mas ainda não reconhecia aquele ambiente. Foi então que aconteceu algo que me assustou, eu me vi em meio a uma grande agitação, todos corriam, e eu não reconhecia aquele corpo. Eu era estranha, não tinha uma forma adequada para ser denominada de "ser". Foi quando eu esbarrei com um ser incrivelmente idêntico a mim. Foi aí que eu descobri, eu era um espermatozóide, e eu tinha que correr, mesmo sem saber pra onde, eu só tinha que correr. Vi muitos se perderem, ficarem para trás, mas eu ainda conseguia correr, e não sei se por instinto, mas eu não conseguia parar. E foi então que sem querer, eu entrei numa casinha, que também era muito estranha, a qual hoje chamam de óvulo. Vivi lá por monótonos, ou talvez felizes 9 meses. Primeiramente, perdi minha caldinha, a qual me ajudou chegar ali, antes dos outros. Algo me ligava a minha mãe, foi então que eu descobri o meu verdadeiro amor. Algo ali me deixava feliz, mas sentia medo, não sabia de que, mas sentia, mesmo assim, a felicidade poderia suprir aquilo. Acompanhar meu corpinho crescendo e tomando diferentes formas foi surreal. Pés, mãos, chutes, sentimentos... E eu tinha que sair dali, a hora tinha chegado, o tempo tinha se acabado. Um lugar chamado mundo me esperava. E aqui estou, 14 primaveras completas neste mundo que apesar de cheio de desgosto e violência, existem experiências, passadas e futuras. Sinto saudades, saudades da igualdade dos espermatozóides, e da casinha na barriga da minha mãe. Mas, apear deste mundo desigual, preconceituoso e violento, eu amo. E é isso que me dá motivos pra continuar, viver, amar. E quem sabe... Uma outra vida.

"Este texto foi produzido durante uma atividade de Português, da tia Carol, e está aqui à pedidos, beijones pra minha mãe, pro meu pai, pra xuxa, e pra vocês."

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sábado, 11 de junho de 2011

É.

Era tão estranho, alguém devia ter me acordado. Eu poderia sentir liberdade dentro de mim, mas ainda não reconhecia aquele ambiente. Foi então que aconteceu algo que me assustou, eu me vi em meio a uma grande agitação, todos corriam, e eu não reconhecia aquele corpo. Eu era estranha, não tinha uma forma adequada para ser denominada de "ser". Foi quando eu esbarrei com um ser incrivelmente idêntico a mim. Foi aí que eu descobri, eu era um espermatozóide, e eu tinha que correr, mesmo sem saber pra onde, eu só tinha que correr. Vi muitos se perderem, ficarem para trás, mas eu ainda conseguia correr, e não sei se por instinto, mas eu não conseguia parar. E foi então que sem querer, eu entrei numa casinha, que também era muito estranha, a qual hoje chamam de óvulo. Vivi lá por monótonos, ou talvez felizes 9 meses. Primeiramente, perdi minha caldinha, a qual me ajudou chegar ali, antes dos outros. Algo me ligava a minha mãe, foi então que eu descobri o meu verdadeiro amor. Algo ali me deixava feliz, mas sentia medo, não sabia de que, mas sentia, mesmo assim, a felicidade poderia suprir aquilo. Acompanhar meu corpinho crescendo e tomando diferentes formas foi surreal. Pés, mãos, chutes, sentimentos... E eu tinha que sair dali, a hora tinha chegado, o tempo tinha se acabado. Um lugar chamado mundo me esperava. E aqui estou, 14 primaveras completas neste mundo que apesar de cheio de desgosto e violência, existem experiências, passadas e futuras. Sinto saudades, saudades da igualdade dos espermatozóides, e da casinha na barriga da minha mãe. Mas, apear deste mundo desigual, preconceituoso e violento, eu amo. E é isso que me dá motivos pra continuar, viver, amar. E quem sabe... Uma outra vida.

"Este texto foi produzido durante uma atividade de Português, da tia Carol, e está aqui à pedidos, beijones pra minha mãe, pro meu pai, pra xuxa, e pra vocês."

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